Genética de Suínos – Agroceres PIC

Revisão

Como aumentar a eficiência de crescimento dos suínos

Por Rosiel Cavalcante – Serviços Técnicos e Validação de Produtos da Agroceres PIC

O avanço genético tem elevado a eficiência de crescimento dos suínos a um novo patamar. Animais de alto valor genético crescem mais rápido, convertem melhor e entregam mais resultado por animal, ampliando a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção. Produzir mais carne com menos insumo significa também maior retorno econômico por quilo produzido. Para realizar todo esse potencial genético é necessário não apenas manter taxas de reposição adequadas, mas também fortalecer a gestão nas fases de crescimento e terminação, com um manejo preciso e eficiente. Confira, a seguir, sete recomendações técnicas para maximizar o potencial de crescimento dos suínos.

Assegure condições adequadas de alojamento e densidade

O manejo na fase de recria e terminação exige atenção criteriosa, mesmo sendo considerado mais simples. O primeiro passo é realizar uma boa classificação dos suínos por peso, tamanho e sexo, o que facilita o manejo alimentar, reduz o estresse por brigas e melhora a identificação de animais doentes ou com baixo desempenho. Após a classificação, é fundamental respeitar a densidade adequada por baia. Para suínos com até 110 kg de peso vivo, recomenda-se um espaço mínimo de 0,9 m² por animal. Acima desse peso, deve-se aplicar a fórmula alométrica (A = K x PV^0,67, sendo K = 0,036), que considera o peso metabólico do animal para definir a área ideal por cabeça. O alojamento em baias superlotadas compromete o acesso adequado à ração e à água, limita o crescimento e impacta negativamente os resultados zootécnicos.

Ajuste a dieta à fase final de crescimento

Na fase final de produção, a nutrição precisa ser ajustada para preservar o ganho de peso e evitar desperdícios. Isso exige ajustes precisos na composição da dieta, com atenção especial à relação entre lisina digestível e energia metabolizável, além do equilíbrio de proteína e aminoácidos conforme o avanço do peso dos animais. Evite dietas com alta densidade energética quando a taxa de crescimento começa a cair, , situação que normalmente ocorre logo após o período da puberdade. O uso de dietas faseadas, com ajustes progressivos, melhora o aproveitamento da ração. Estratégias de restrição alimentar controlada também podem ser consideradas para otimizar desempenho e custos.

Intensifique os cuidados para evitar o desperdício de ração

Ajuste e controle rigorosamente o manejo alimentar para reduzir o desperdício de ração, sem comprometer o consumo adequado dos suínos. Esse esforço começa pela manutenção e regulagem dos comedouros. Se o ajuste for muito apertado, o crescimento e o ganho de peso diário (GPD) ficam comprometidos. Se for muito aberto, há desperdício de ração e a conversão alimentar (CA) é prejudicada. O ideal é ajustar conforme a fase de crescimento e engorda do suíno. Também é fundamental garantir espaço adequado para o acesso ao alimento. Na fase de terminação, recomenda-se de 2,9 a 3,1 cm por animal para alimentação úmida e 5 cm para alimentação seca. Essas medidas asseguram acesso uniforme ao alimento e contribuem para a melhoria da eficiência alimentar e redução na incidência de mordeduras de cauda.

Garanta oferta e qualidade da água

Água de boa qualidade, em quantidade e temperatura adequadas, é essencial para o desempenho dos suínos. Ingerir mais água estimula maior consumo de ração. Monitore o pH e o teor de cloro da água, que variam conforme a fonte e o sistema de abastecimento. Mantenha 2 ppm de cloro livre nas chupetas, usando dosadores com cloro líquido. Evite água turva, que reduz a ação sanitizante. Corrija pH alcalino, que favorece hipoclorito (menos eficaz) e reduz ácido hipocloroso (mais eficiente). Administre medicamentos com cautela: moléculas não ionizadas são mais absorvidas, mas podem precipitar; aqueça levemente a água, sem ferver. Garanta pontos de água adequados e posicione bem os bebedouros. Mantenha vazão de 1 l/min e temperatura entre 16°C e 18°C. Acima de 29°C, cai o consumo. Ajuste as chupetas a 90° na linha do dorso; para chupetas a 60°, instale 5 cm acima. Use 1 bebedouro para cada 10 suínos.

Redobre a atenção com a ambiência e o conforto térmico dos animais

A boa ambiência é decisiva para o pleno desempenho dos suínos em terminação. Temperatura e umidade adequadas favorecem o consumo de ração, reduzem o gasto energético e ajudam a prevenir doenças. Umidades abaixo de 40% ou acima de 80% comprometem a ação do sistema mucociliar dos suínos, aumentando o risco de distúrbios respiratórios. Em regiões quentes, use sistemas auxiliares de resfriamento. No gotejamento, mantenha a umidade do ar abaixo de 65% e assegure corrente de ar. Gotas grossas são mais eficazes por facilitarem a perda de calor por convecção. Na lâmina d’água, preserve 75% da baia seca. Regule bem as cortinas para garantir renovação do ar, evitando acúmulo de gases ou ventos excessivos. Em piso ripado, não remova totalmente a fração líquida dos dejetos: ela ajuda a reduzir a volatilização de amônia

Mantenha um bom programa de treinamento da equipe

Pode parecer óbvio, mas a capacitação os colaboradores é um fator decisivo (e inegociável), para a obtenção de bons resultados na terminação. Embora essa etapa seja considerada mais simples, ela exige critério, pois concentra 80% dos animais do plantel e os maiores custos com ração. Manter um programa contínuo de treinamento é primordial para garantir a execução correta dos procedimentos de rotina. Equipes bem-preparadas são mais seguras, ágeis e comprometidas, o que se reflete diretamente nos indicadores zootécnicos e na produtividade da granja. Mais do que treinar, é preciso cultivar uma cultura de valorização e engajamento. Lembre-se: investir nas pessoas é investir em resultado.

Valorize o potencial genético e eleve o peso de abate

O avanço da eficiência de crescimento dos suínos tem viabilizado economicamente o abate de animais mais jovens, a pesos mais elevados, uma estratégia cada vez mais vantajosa para toda a cadeia. Suínos de alto valor genético são capazes de manter alta deposição de carne magra na carcaça, mesmo em idades mais avançadas, especialmente acima dos 120 kg. Para o suinocultor, isso significa produzir mais carne por matriz ao ano, diluindo os custos fixos com instalações, mão de obra e nutrição. Para a indústria, representa melhor aproveitamento da carcaça e redução de despesas operacionais por quilo de carne processada.

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