Genética de Suínos – Agroceres PIC

Artigos Técnicos e de Gestão

Como maximizar o ganho genético das fêmeas nos núcleos de produção

Por Natalia Irano – Serviços Genéticos da Agroceres PIC

As granjas Núcleo de Produção (NP) exercem um papel determinante para o aumento da competitividade na produção de suínos. São elas que proporcionam uma fonte contínua de leitoas saudáveis e de alto valor genético, maximizando o desempenho zootécnico e econômicos dos animais. O potencial genético em unidades que produzem suas próprias fêmeas de reposição é utilizado e ampliado por meio de reposições internas do plantel, das matrizes comerciais selecionadas e, também, pelos suínos de abate produzidos pelas matrizes comerciais. Minucioso, esse trabalho depende da realização de uma série de procedimentos, como o correto registro dos dados reprodutivos e de desempenho, essenciais para a estimativa precisa dos índices genéticos dos animais. Confira, a seguir, orientações técnicas para maximizar o ganho genético nos núcleos de produção.

Promova o correto dimensionamento do Núcleo de Produção

Promover o dimensionamento apropriado do plantel de linha pura (bisavós e avós) em relação ao número de matrizes comerciais que será atendido por ele, é fundamental para manter uma boa estrutura etária nos níveis de multiplicação e comercial. É esse planejamento que assegura o fluxo de leitoas de reposição necessário para atender o NP e a produção de leitoas para reposição do plantel de matrizes. Para tanto, mantenha entre 8 e 12% da população do plantel em multiplicação, ou seja, produzindo leitoas de reposição de linhas puras e matrizes. O restante das fêmeas, 88 a 92%, são comerciais e produzem suínos de abate. Fique atento, uma multiplicação subdimensionada pode impactar negativamente a estrutura etária das fêmeas comerciais. Já se for superestimada pode representar custos adicionais para o sistema de produção.

Seja rigoroso com o registro dos dados do plantel e com a identificação das fêmeas

O registro preciso dos dados zootécnicos e reprodutivos do plantel é essencial para a avaliação genética e, consequentemente, para viabilizar o aproveitamento do ganho genético dos animais na unidade. Todos os eventos reprodutivos do plantel precisam ser registrados e atualizados. Os dados de inseminação, parto, desmame e remoção são necessários para manter os índices genéticos atualizados. Igual atenção (e rigor) deve ser dada a identificação das fêmeas. As leitoas devem ter pais conhecidos e uma identidade exclusiva ao nascimento, para receberem um índice genético e serem consideradas candidatas a reposição do plantel.     

Redobre a atenção com as doses inseminantes dos bisavôs e avôs

Os reprodutores utilizados nas inseminações representam metade do potencial genético das leitoas de reposição. São eles os responsáveis pela atualização genética do plantel, já que as leitoas de reposição do NP são produzidas internamente. Por isso, é absolutamente necessário redobrar os cuidados com a recepção e uso das doses inseminantes, que devem ser de reprodutores do topo da pirâmide genética. Solicite as doses dos bisavôs de forma que o mesmo reprodutor seja utilizado em todas as inseminações do ciclo de uma fêmea. Organizar as doses inseminantes nas conservadoras de sêmen contribui para que as inseminações sejam realizadas corretamente. 

Estabeleça uma boa relação entre a taxa de reposição e os alvos de inseminação

As leitoas de reposição que são introduzidas elevam o índice genético médio do NP, com reflexos sobre o desempenho produtivo e econômico do plantel comercial. Para que isso aconteça, no entanto, é preciso estabelecer um equilíbrio entre a taxa de reposição e os alvos de inseminação de fêmeas puras, que deve ser calculado de modo a atender a necessidade da granja. Mantenha a taxa de reposição acima de 65% ao ano e o alvo de inseminações de puras entre 12 e 15%. Essa combinação é capaz de assegurar a produção de leitoas de reprodução de excelente qualidade e em número adequado para atender o fluxo da granja.

Realize uma seleção física criteriosa

A seleção tem impacto direto sobre a qualidade produtiva e longevidade das fêmeas. As leitoas devem ser selecionadas a partir dos 140 dias de idade. A primeira etapa da seleção deve-se basear nos aspectos físicos. A qualidade dos aprumos, do aparelho mamário e órgãos reprodutivos, além de imperfeições físicas, como escore perineal, lordose e cifose, devem ser criteriosamente analisadas. Dentre as leitoas aprovadas na seleção física, mantenha um número mínimo de candidatas para atingir uma taxa de reposição do plantel acima de 65% ao ano. Se o número de candidatas exceder o número necessário para atingir a taxa de reposição desejada, as leitoas podem ser selecionadas ainda com base no índice genético

Identifique as fêmeas de maior índice genético como bisavós

Depois que o alvo de inseminações puras é definido é preciso identificar e separar as fêmeas de maior índice genético como bisavós. Utilize o relatório semanal mais atualizado para distinguir as leitoas e fêmeas com índices mais altos que entrarão em cio. Marque as fêmeas de maior índice visualmente (pinte uma faixa ao longo do dorso da fêmea por ex.) para que a equipe de reprodução saiba quais devem ser submetidas à inseminação pura. A correta identificação e inseminação de fêmeas de índice genético mais alto, gera leitegadas também de índice maior, compostas por leitoas que se tornarão candidatas a reposição do plantel, maximizando o potencial genético do NP. Lembre-se, todas as fêmeas candidatas a bisavós devem estar aptas à vida reprodutiva com boas condições corporal e de aprumos. Se alguma fêmea não estiver apta, escolha a próxima melhor fêmea em seu lugar.

Mantenha uma boa política de descarte

O potencial genético médio do plantel aumenta ao longo do tempo, à medida que as fêmeas de menor índice genético são substituídas por leitoas de índice genético mais alto. Por isso é importante contar com uma boa estratégia de descarte. A reposição de fêmeas precisa ser feita de maneira criteriosa e planejada, de modo a não desestabilizar a estrutura etária do plantel. Depois de realizar o descarte causado por problemas físicos e reprodutivos, identifique as fêmeas de menor índice genético e remova-as do plantel. Se a taxa de reposição do plantel estiver acima de 65% ao ano, e, considerando que não existam limitações por conta de problemas sanitários ou produtivo nas unidades, 65% do total das remoções deve ser por descarte genético.

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