Por Luis Henrique Gouvea Saraiva – Serviços Técnicos da Agroceres PIC
A fase de maternidade representa um dos momentos mais críticos e determinantes para o desempenho na produção suinícola. Um manejo adequado nesta etapa garante não apenas a sobrevivência dos leitões recém-nascidos, como estabelece as bases para o desenvolvimento saudável dos animais, além de preservar a performance reprodutiva futura das fêmeas. Redobrar os cuidados na maternidade, portanto, contribui para maximizar a taxa de conversão de leitões (desmamados/nascidos totais) e proporcionar um melhor desempenho ao longo de todo o processo produtivo. Confira, a seguir, sete orientações técnicas para otimizar o manejo, os resultados e o lucro na maternidade.

Redobre os cuidados com a limpeza e a descontaminação das instalações
Os cuidados devem começar com o preparo da sala de maternidade. Tenha atenção especial às ações relacionadas à ambiência, às condições sanitárias e ao espaço disponível para o alojamento das fêmeas gestantes. Adote o sistema “todos dentro, todos fora” e promova os procedimentos de limpeza e desinfecção, removendo todo material orgânico presente nas instalações. Garanta que as salas estejam completamente secas antes da entrada das matrizes. Dê atenção especial ao conforto térmico: a temperatura ideal deve ser mantida entre 21 e 23°C para as matrizes no momento do parto e entre 32 e 35°C na área do escamoteador. Verifique previamente o funcionamento de todos os equipamentos, incluindo fontes de calor, bebedouros e comedouros.

Cuidados com o manejo de transferência das fêmeas
A transferência das fêmeas para a maternidade é um manejo sensível e deve ser feita com atenção e critério. O ideal é que ocorra entre 5 e 7 dias antes da data prevista para o parto, período necessário para a adaptação ao novo ambiente e para a redução do estresse periparto. Realize o deslocamento das fêmeas pela manhã, evitando as horas mais quentes do dia. Mantenha uma condução suave e um manejo calmo durante o transporte para reduzir o estresse e possíveis complicações no parto e a ocorrência de natimortalidade.

Fortaleça a assistência ao parto
Garantir uma boa assistência à fêmea durante o parto é crucial para obter um maior número de leitões nascidos vivos e para a manutenção de sua saúde reprodutiva. Durante o parto, monitore a fêmea a cada 20 minutos, que é o período máximo de intervalo entre os nascimentos dos leitões. Observe o comportamento individual das fêmeas e intervenha quando necessário, priorizando técnicas não invasivas como massagem abdominal e mudança de decúbito. A equipe deve estar preparada e treinada para realizar o toque no momento correto, que representa a maneira mais efetiva de reduzir os natimortos.

Intensifique os cuidados iniciais com os leitões
A fase pós-parto exige atenção redobrada, pois os primeiros cuidados influenciam diretamente a sobrevivência dos leitões. Imediatamente após o nascimento, seque os leitões com papel descartável ou aplique pó secante, a fim de prevenir a hipotermia, uma das principais causas de mortalidade nas primeiras horas de vida. Quanto ao cordão umbilical, evite manipulações desnecessárias. Nunca puxe o cordão, pois a tração pode predispor à ocorrência de hérnias umbilicais e infecções. Caso o corte seja adotado como manejo de rotina, este deve ser precedido de amarração cuidadosa e seguido de desinfecção por imersão em solução de iodo a 5% ou iodo glicerinado. Para o manejo dos dentes, avalie a necessidade desse procedimento conforme as características do seu sistema de produção. Quando justificado por razões de bem-estar — como a prevenção de lesões nos tetos das matrizes ou ferimentos entre leitões — dê preferência ao desgaste dos dentes em vez do corte. O procedimento deve ser feito imediatamente após o nascimento, com cuidado para evitar danos à polpa dentária.

Realize uma boa colostragem
A orientação da primeira mamada é uma prática fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento dos leitões. O intervalo entre o nascimento e a ingestão de colostro deve ser o mais breve possível. Assegure que cada leitão ingira colostro nos primeiros 30 minutos de vida. O fornecimento de 200 ml de colostro no primeiro dia pode aumentar entre 4 e 5 vezes a chance de sobrevivência dos leitões mais leves. A uniformização das leitegadas deve ser realizada apenas quando estritamente necessária, como em casos em que há mais leitões do que tetos funcionais, e deve ocorrer nas primeiras 24 horas após o parto para não comprometer a ingestão de colostro.

Monitore diariamente a saúde da fêmea
Promova um acompanhamento criterioso e diário da saúde das matrizes, verificando apetite, condição corporal e temperatura corporal (tratando febres acima de 39,5°C). Garanta o consumo adequado de água – mínimo de 20 litros/dia – e mantenha uma estratégia alimentar de acesso livre à ração fresca durante a lactação. O manejo alimentar adequado das fêmeas na maternidade é fundamental para evitar perda excessiva de peso corporal, ocorrência que impacta negativamente o seu desempenho reprodutivo subsequente.

Adote critérios rígidos no desmame dos leitões
Durante a lactação, identifique e marque as fêmeas que serão destinadas ao descarte, evitando que, no desmame, sejam alojadas com as fêmeas destinadas à reprodução. O desmame dos leitões deve ser realizado visando o bem-estar dos animais e o bom desempenho produtivo. Dessa forma, evite desmamar leitões com menos de 21 dias de vida. Realize o desmame preferencialmente pela manhã, transferindo os leitões para a creche e as fêmeas desmamadas para a área de recuperação no mesmo dia, isso minimiza o estresse do processo. Garanta que a transferência dos leitões ocorra de forma rápida e organizada, assegurando condições adequadas de temperatura e conforto térmico nos alojamentos de creche.