
Rosiel Cavalcante – Serviços Técnicos e Validação de Produtos Agroceres PIC

A evolução genética tem potencializado a eficiência de crescimento dos suínos, alavancando indicadores-chave como ganho de peso e conversão alimentar, fatores diretamente ligados à rentabilidade das granjas.

A genética está redefinindo o potencial de crescimento dos suínos. Muito do que antes se projetava para o futuro já é realidade nas granjas e novos avanços estão a caminho. Animais de alto valor genético vêm registrando ganhos notáveis em velocidade de crescimento e eficiência alimentar, progresso que impacta diretamente a rentabilidade dos sistemas de produção.

Um extenso estudo de Benchmarking de Crescimento conduzido pela Agroceres PIC, com dados coletados entre 2016 e 2024, analisou o desempenho de 18,9 milhões de animais em fase de terminação, distribuídos em 24.481 lotes de produção. Os resultados impressionam.
Com ajustes metodológicos para peso de abate de 125 kg (corrigindo 7 g na conversão por kg adicional) e peso inicial de 24 kg (ajuste de 10 g por kg excedente), os dados revelam que, entre o 1% mais eficiente dos lotes, aqueles que utilizaram ractopamina alcançaram conversão alimentar média de 1,993, enquanto os lotes sem o aditivo registraram média de 2,217. Os números reforçam o papel da genética, aliada à nutrição e manejo alimentar, como alavanca estratégica para ganhos zootécnicos relevantes.
Confira, a seguir, algumas das principais tecnologias disruptivas embarcadas no Núcleo Genético Gênesis.
Genética e sistema de alimentação
Dados de benchmarking coletados entre 2017 e 2024 reforçam também o impacto direto do sistema de alimentação adotado sobre a conversão alimentar dos suínos. Sistemas controlados, com tratos programados, oferecem melhor eficiência alimentar, mas resultam em menor ganho de peso quando comparados aos sistemas ad libitum com comedouros automáticos.
A diferença entre os dois modelos,
em termos de conversão alimentar, que era de 118 gramas em 2017, caiu para 38 gramas em 2024.
Essa redução pode ser atribuída aos avanços genéticos, nutricionais e tecnológicos, que permitem abates mais precoces com manutenção da eficiência alimentar. Além disso, períodos menores de alojamento reduzem as oportunidades de desperdício de ração, contribuindo para a eficiência do sistema. Sistemas controlados, embora apresentem melhor conversão alimentar, promovem crescimento mais lento, o que limita a antecipação do abate. Já os sistemas ad libitum aceleram o ganho de peso, possibilitando abates mais precoces, ampliando a oferta de matéria-prima à indústria.
Esses resultados não são casuais. Eles refletem um trabalho criterioso e contínuo de melhoramento genético, baseado na identificação e seleção dos indivíduos com maior eficiência de consumo e velocidade de crescimento. Em resumo, trata-se de suínos geneticamente superiores, que crescem mais, consomem menos e entregam resultados zootécnicos e econômicos consistentes.
Abate de animais pesados e lucratividade
O avanço da eficiência de crescimento dos suínos tem viabilizado economicamente o abate de animais mais pesados. Graças à incorporação de tecnologias modernas de melhoramento, a PIC vem selecionando animais capazes de manter alta deposição de carne magra na carcaça, com maior eficiência de crescimento, mesmo em idades mais avançadas.

Um exemplo claro dessa evolução está em um estudo conduzido pela Agroceres PIC para avaliar a eficiência alimentar na fase de terminação no mercado brasileiro. Os dados mostram que, atualmente, os suínos consomem em média 9,35 kg a menos de ração para atingir o mesmo peso de abate que registravam em 2021, uma melhora significativa de desempenho.
A eficiência alimentar dos machos imunocastrados (até uma semana após a aplicação da segunda dose de imunocastração) permanece estável. Contudo, a partir da segunda semana, observa-se uma queda expressiva na eficiência, da ordem de 16%, indicando a importância de estratégias de abate ajustadas a esse perfil fisiológico. Outro dado relevante é a evolução do platô de crescimento, também conhecido como ponto de máxima deposição proteica (pdMax). Em 2016, estimava-se que os animais atingiam esse ponto com cerca de 88 kg de peso vivo. Hoje, o platô ocorre em idades mais avançadas, reflexo direto da evolução genética. Essa mudança permite que os suínos mantenham altas taxas de crescimento e deposição de carne magra por mais tempo, viabilizando o abate de animais mais pesados com melhor conversão alimentar.
Esse desempenho em fases avançadas do crescimento, especialmente acima dos 120 kg, é estratégico para a rentabilidade. Para o suinocultor, significa produzir mais carne por matriz ao ano, diluindo os custos fixos. Para a indústria, o abate de animais mais pesados aumenta a disponibilização de matéria-prima, e reduz despesas operacionais, como as de transporte, estrutura e mão de obra.
Rentabilidade e sustentabilidade conectadas pela genética
Com a contribuição da genética, a eficiência de crescimento atingiu um novo patamar. Suínos de alto valor genético crescem mais rápido, convertem melhor e entregam mais resultado por animal. Esse salto de performance não impacta apenas a produtividade das granjas, ele é também um vetor da sustentabilidade econômica e ambiental da suinocultura. Produzir mais carne por animal, com menos insumo e em menos tempo, significa menor uso de recursos naturais e maior retorno econômico por quilo produzido.

A genética sempre foi, e continua sendo, o principal indutor de novos avanços na suinocultura. É ela que prepara os produtores para os desafios do presente e os posiciona para as exigências do futuro, onde a busca por mais eficiência será ainda maior. Mais do que um insumo tecnológico, a genética é, cada vez mais, um diferencial competitivo decisivo para os resultados do produtor.