

Por mais tecnologia que exista nas granjas, são as pessoas que colocam os processos em prática. Por isso, capacitar e engajar os colaboradores é um diferencial competitivo essencial para a produtividade e a rentabilidade na produção de suínos.

As unidades de produção de suínos estão cada vez mais modernas e automatizadas. Softwares de gestão, sistemas automatizados de coleta de dados, alimentação e controle ambiental já compõem o cenário de boa parte das granjas. Em que pese todo esse avanço, um fator continua sendo decisivo: as pessoas.
A produtividade da suinocultura não depende apenas da tecnologia embarcada, mas sobretudo da capacidade dos colaboradores em realizar corretamente os processos, no momento certo e de forma adequada. E também, da capacidade de inserir e analisar os dados gerados por esse sistema para uma tomada de decisão assertiva. Por isso, qualificar as equipes é um dos principais desafios, e também uma das maiores oportunidades, para o nosso setor.
Ameaça silenciosa à competitividade
A rotatividade nas granjas é hoje um ponto sensível. Em média, o setor registra turnover de 25% a 30%, chegando a mais de 60% em algumas unidades, especialmente quando há falhas na liderança. Trata-se de um índice preocupante para uma atividade baseada em processos complexos, que exigem tempo, conhecimento técnico e destreza para que os manejos sejam executados com qualidade.

Formar, engajar, reter: capacitação com resultado

Diante desse desafio, o treinamento das equipes se torna ainda mais relevante. Mas mais do que apenas capacitar, é fundamental pensar em como se treina. A simples transferência de informação, por meio de palestras ou apresentações passivas, não é suficiente para promover mudanças de comportamento e melhorar, de fato, o desempenho.
É preciso adotar metodologias que considerem a realidade dos colaboradores das granjas. E aqui entra
um conceito-chave: a andragogia, que é o estudo das estratégias de ensino voltadas para adultos.
Os adultos aprendem com base na experiência, na resolução de problemas práticos, na participação ativa e no senso de propósito. Essa aprendizagem é mais efetiva em um ambiente onde se sintam seguros e tenham suas necessidades básicas atendidas. Eles precisam compreender por que estão aprendendo algo, de que forma isso impacta o dia a dia e como podem aplicar o conhecimento imediatamente. Treinar, portanto, não é apenas informar. É transformar comportamento, gerar conexão e construir pertencimento.
Aprendendo de forma lúdica
Mas, na prática, como colocar isso em ação? Uma das metodologias que têm gerado ótimos resultados no treinamento de equipes em granjas é o uso de jogos desenvolvidos pela equipe como ferramenta de capacitação. Sejam eles jogos de tabuleiro ou uma gamificação inserida em um treinamento tradicional.
Ao utilizar a ludicidade como aliada do aprendizado, o treinamento se torna mais envolvente e eficaz. Aprender brincando é parte da natureza humana. Durante o jogo, o cérebro libera dopamina e ocitocina, neurotransmissores associados ao prazer e à sensação de segurança. Isso favorece a criação de novas conexões neurais, essenciais para a aprendizagem de longo prazo.
Estudos indicam que são necessárias apenas 5 a 6 repetições em um ambiente lúdico para a fixação de uma nova informação, contra 20 ou mais repetições em métodos tradicionais. Isso torna o jogo uma ferramenta altamente eficiente para treinar equipes em um setor que demanda agilidade na formação de novos colaboradores.
Os jogos desenvolvidos por nossa equipe são baseados nas atividades práticas do cotidiano da produção suinícola. Eles abordam temas operacionais, estimulam a tomada de decisão, reforçam a importância de seguir procedimentos corretos e, ao mesmo tempo, criam um ambiente leve e colaborativo. Ao final, o que se vê é melhor compreensão das rotinas, maior engajamento e aplicação mais consciente das boas práticas na granja.
Treinamento como ferramenta de retenção

Quando um colaborador entende não apenas o que deve ser feito, mas porque aquilo importa e, mais ainda, sente que faz parte de algo maior, a tendência é que o engajamento aumente. O sentimento de pertencimento é poderoso. As pessoas querem fazer bem-feito quando percebem que são valorizadas e reconhecidas como agentes importantes dos resultados da empresa.
Investir em um ambiente laboral saudável, seguro e utilizar metodologias mais humanas, participativas e eficazes, como a andragogia e o uso de jogos, não apenas melhora o desempenho técnico, mas também contribui diretamente para a retenção de talentos, um dos grandes desafios da suinocultura atual.