

Gustavo Simão – Gerente de Serviços Veterinários da Agroceres PIC
Nevton Hector Brun – Gerente de Produção Agroceres PIC

O primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil reascende um debate necessário: com o avanço de doenças com alto poder de disseminação, a biossegurança no transporte de suínos precisa ganhar atenção e prioridade.


O registro do primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Brasil acendeu um alerta em todo o setor de produção animal. Embora circunscrito à avicultura, o episódio escancarou a velocidade com que agentes infecciosos estão ultrapassando fronteiras, expondo cadeias inteiras de produção a riscos sanitários.
Essa realidade reforça algo que há tempos defendemos: a biossegurança precisa ser tratada como prioridade máxima, como um pilar do setor produtivo, e isso inclui uma atenção redobrada com o transporte de animais.
Um elo frágil na biossegurança
Na suinocultura, o transporte de animais entre granjas e regiões é uma prática diária e indispensável. Essa rotina operacional, no entanto, carrega riscos sanitários significativos, especialmente em um país como o Brasil, onde há grande diversidade de origens, idades e status sanitários entre os lotes movimentados.

Experiências internacionais têm reforçado a atenção sobre esse ponto: surtos de doenças como a Peste Suína Africana (PSA), na Ásia, e a Diarreia Epidêmica dos Suínos (PED), nos Estados Unidos, mostraram que o transporte pode ser uma das principais vias de disseminação de agentes infecciosos.
Ainda assim, o transporte segue sendo um ponto vulnerável nos programas de biossegurança. A etapa de higienização dos caminhões, em especial, nem sempre recebe o tratamento técnico necessário. A aplicação irregular dos protocolos, a falta de padronização entre unidades e métodos com baixa eficiência acabam gerando falhas recorrentes e abrindo brechas para a introdução de patógenos mesmo em sistemas bem estruturados.
TADD: tecnologia para barreiras sanitárias mais eficientes
Diante desse contexto, o fortalecimento das barreiras sanitárias exige estratégias adicionais, mais consistentes e tecnicamente fundamentadas. Uma delas é o TADD System (Thermo-assisted Drying and Decontamination), tecnologia de descontaminação térmica de veículos já amplamente utilizada na América do Norte, Europa e também em unidades de produção da Agroceres PIC.
O sistema aplica calor controlado (70°C por 20 minutos) em ambiente hermeticamente fechado, logo após a lavagem do caminhão, garantindo uma secagem forçada e padronizada, sem uso de produtos químicos.
Além de elevar significativamente o nível de biossegurança, sobretudo no transporte de reprodutores e leitões, o processo elimina a necessidade de vazio sanitário, otimizando tempo e recursos logísticos. Trata-se de uma solução que alia eficiência, segurança e sustentabilidade, com impacto direto na proteção das granjas e na integridade de toda a cadeia produtiva.
O TADD não é apenas uma tecnologia, é uma mudança de postura. Ao adotar esse sistema, passamos a tratar a descontaminação de veículos com o mesmo rigor que aplicamos em outras etapas críticas da produção, reforçando nosso compromisso em oferecer aos nossos clientes e parceiros produtos de alto valor genético e de desempenho, mas também com máxima segurança.
Biossegurança no transporte: de risco a vantagem estratégica
As ameaças impostas por doenças transfronteiriças com alto poder de disseminação reforçam a urgência de revisão e fortalecimento dos protocolos sanitários. Nesse cenário, a biossegurança no transporte deixa de ser apenas um ponto de atenção: torna-se um eixo estratégico da eficiência produtiva.
Mais do que prevenir, o momento exige visão, responsabilidade e investimento em tecnologias que garantam segurança sanitária, fluidez operacional e sustentabilidade ao sistema. Porque estar à frente não é apenas inovar, é proteger o que sustenta o nosso setor.