Por Gustavo Simão – Gerente de Serviços Veterinários da Agroceres PIC
A sanidade é um dos pilares da competividade na suinocultura. Assim como a genética e a nutrição, a saúde dos animais é um componente vital para a eficiência e a lucratividade da produção de suínos. Reforçar os manejos e boas práticas de biossegurança nas unidades de produção, portanto, mais do que estratégico é imperioso, não apenas por elevar o bem-estar dos animais e reduzir custos, mas também por motivar os colaboradores da granja e, principalmente, maximizar o desempenho zootécnico e econômico do plantel. Confira a seguir sete recomendações técnicas para maximizar a segurança sanitária nas unidades de produção de suínos.
1- Redobre os cuidados com a origem dos animais
Uma das principais vias de introdução de patógenos na unidade de produção é o ingresso de animais. Por isso, é preciso redobrar os cuidados com a reposição. Quanto mais diversa for a origem dos suínos, maior a chance de introdução de novos agentes infecciosos. Os plantéis de reprodução devem ser povoados, portanto, com o menor número possível de origens, sempre de Granjas de Reprodutores Certificadas (GRSC). Para equalizar o estado sanitário dos reprodutores adquiridos ao rebanho residente, realize a aclimatação sanitária dos animais. Se bem-feita, a aclimatação maximiza o desempenho tanto das leitoas quanto dos machos de reposição.
2 – Adote critérios rígidos na quarentena
A quarentena cumpre uma função sanitária essencial na proteção do plantel, pois é uma das principais barreiras contra a introdução de agentes infecciosos na unidade de produção. Ela deve estar separada das instalações principais, ter galpões, equipamentos e silos de ração próprios e manter procedimentos específicos para a observação dos animais, acesso de pessoas, suprimentos, controle de pragas e tratamento de dejetos. O colaborador encarregado pela quarentena deve ser exclusivo e não manter contato com colaboradores e equipamentos da instalação principal. O período de quarentena dos animais deve ser de, no mínimo, 30 dias, iniciando-se a partir da data da última introdução de suínos nesse galpão. A coleta de material para testes laboratoriais deve ocorrer com, no mínimo, 21 dias após alojamento e a liberação dos animais deve ser realizada após interpretação correta dos resultados e avaliação clínica criteriosa.
3 – Monitore o trânsito de veículos
O transporte de suínos é um vetor importante para introdução e disseminação de agentes patogênicos na granja. Para reduzir esse risco é necessário auditar com rigor o trânsito de veículos internos e externos. Todos os caminhões devem ser lavados, desinfetados, secados e cumprir período de vazio sanitário de, no mínimo, 24 horas antes de ingressar na unidade de produção. Além disso, devem respeitar o fluxo unidirecional e a divisão das áreas limpa, intermediária e suja no embarcadouro no momento do embarque de animais. Tanto os veículos dos funcionários quanto de visitantes devem ser estacionados do lado de fora da cerca perimetral da unidade, com área distinta e identificada para os visitantes. Caso, excepcionalmente, sejam autorizados a entrar, devem ter seu exterior e interior higienizados, com especial atenção para aspiração e desinfecção da cabine e lavagem e assepsia dos tapetes.
4 – Restrinja visitas à unidade de produção
Promova um controle rigoroso da entrada de pessoas na unidade de produção. Somente pessoas cuja presença é fundamental para a rotina e o funcionamento da granja devem ser autorizadas a entrar. Ainda assim, devem seguir um rígido protocolo de biossegurança, como utilização de propés assim que descer do veículo, banho, troca de roupas e calçados e cumprir o tempo de vazio sanitário exigido por cada unidade de produção. A presença de pessoas desnecessárias ao dia a dia da granja expõe o plantel a riscos sanitários desnecessários.
5 – Fiscalize a entrada de equipamentos e suprimentos
A entrada de equipamentos e suprimentos é outro fator de risco. Para mitigá-lo estabeleça um protocolo com rígidas normas de desinfeção para a entrada de qualquer objeto, utensílio ou maquinário. Antes de ingressar, todo equipamento ou suprimento deve passar pelas salas e/ou câmaras de descontaminação. Nestas salas, a desinfecção deve ser feita por meio de fumigação com desinfetantes aprovados e tempo de exposição de, no mínimo, uma hora. Já nas câmaras, para a antissepsia, pode-se utilizar a luz ultravioleta ou álcool 70%, dependendo do material que irá ingressar. Geralmente a câmara é utilizada para entrada de materiais de escritório, documentos, pequenos eletrônicos e alimento, necessitando tempo mínimo de exposição de 15 minutos. O tipo de produto, a dosagem e tempo de exposição devem ser seguidos rigorosamente, pois são fundamentais para reduzir o risco de introdução de patógenos. Somente os equipamentos e suprimentos considerados essenciais às atividades da granja devem ser autorizados a ingressar.
6 – Reforce as medidas e procedimentos para o controle de pragas
Mantenha um programa efetivo para o controle de roedores, larvas e insetos. Para tanto, tenha uma barreira de concreto de, no mínimo, 60 cm de largura e 2,5 cm de altura, ao redor dos galpões. Além disso, as instalações devem ter proteção contra a entrada de pássaros. Realize a manutenção geral, tanto dentro quanto fora das instalações e, principalmente, próximo aos silos de ração, de modo a evitar a atração de pragas, animais silvestres e insetos. Conserve o interior e arredores das instalações sempre limpos e a grama cortada.
7 – Mantenha um sistema adequado de destinação de animais mortos
A remoção e o descarte da mortalidade e de restos de tecidos animais fazem parte da rotina de qualquer sistema de produção. Essa atividade é considerada de alto risco para a introdução de enfermidades, principalmente quando há recolha por veículo externo, o qual visita várias propriedades. Diferentes métodos podem ser utilizados para eliminação de carcaças suínas, incluindo a compostagem, fossas anaeróbias, incineração, enterramento. A composteira, ou qualquer outro sistema de processamento de suínos mortos, deve estar localizada junto à cerca de isolamento ou fora dela. Sendo fora dela, é importante que se tenha um ponto de extração na cerca perimetral com cobertura e telado para que seja estocado todo material do dia e levado para o destino final no fim do expediente. Seja qual for método, defina protocolos específicos para a coleta e remoção de animais mortos e tecidos e treine os colaboradores para que realizem a tarefa corretamente.
Para informações mais detalhadas sobre as normas, procedimentos e protocolos de biossegurança nas unidades de produção de suínos acesse o Portal de Sanidade da Agroceres PIC. Lá você encontra uma série especial de vídeos, produzidos pela equipe de Serviços Veterinários da Agroceres PIC, com recomendações para reforçar a segurança sanitária dos suínos e da granja.