Em um cenário de crescimento econômico global lento – com inflação em queda, mas juros ainda elevados – e marcado por incertezas geopolíticas, a produção mundial de carne suína deve avançar de forma moderada em 2025, com crescimento projetado entre 0,1% e 0,9%.
A demanda global segue relativamente estável, especialmente nos países em desenvolvimento. As margens dos produtores apresentam sinais de recuperação, com os EUA à frente, sustentadas pela redução nos custos de produção, reflexo da queda nos preços de insumos como milho e soja, e por ganhos de produtividade ao longo da cadeia.

“O cenário da suinocultura global em 2025 é de crescimento moderado, pressão por eficiência e estratégias cada vez mais cautelosas diante de um ambiente econômico instável”, afirmou Alexandre Furtado da Rosa, diretor Superintendente da Agroceres PIC, durante sua apresentação no Fórum de Suinocultura da Castrolanda.
Segundo o executivo, o setor opera sob contrastes regionais e enfrenta entravessanitários, e de rentabilidade. “Enquanto União Europeia, Japão e Filipinas registram retração na produção, pressionadas por custos elevados, exigências ambientais rigorosas e menor atratividade econômica, países como Brasil, Estados Unidos e China mantêm desempenho robusto, com leve tendência de crescimento, sustentado por eficiência e competitividade”, destacou.
Eventos sanitários, grãos, tensões comerciais
A suinocultura global enfrenta desafios importantes. De acordo com Alexandre, eventos sanitários, como a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS), a Peste Suína Africana (PSA) e a reemergência da febre aftosa, representam ameaças relevantes ao setor. Também alertou para a volatilidade na produção e nos preços dos grãos – influenciada por fatores climáticos, cambiais e geopolíticos – e para as tensões comerciais entre grandes economias.
“Diante dessas incertezas, a expansão global do setor vem sendo conduzida com prudência. Os investimentos estão direcionados para inovação, com foco na melhoria genética, bem-estar animal e tecnologias de precisão. A atenção está voltada à matriz suína e ao desempenho dos leitões, buscando mais produtividade e sustentabilidade”, observou o executivo.
Perspectivas
As perspectivas para os próximos anos destacam o protagonismo crescente dos Estados Unidos e do Brasil na suinocultura mundial. O Brasil, em particular, apresenta forte vantagem competitiva, com elevado padrão sanitário e genético. Em contrapartida, já enfrenta a escassez de mão de obra especializada como um novo desafio estrutural.
A União Europeia, por sua vez, enfrenta tendência de queda na produção, pressionada por aumento de custos, demandas da sociedade por maior bem-estar animal e exigências ambientais. Já a China deve manter o consumo interno próximo a 54 milhões de toneladas anuais, com autossuficiência estimada em 96%, o que limita as oportunidades para exportadores a cerca de 1,5 milhão de toneladas por ano.
“Com margens ainda ajustadas e um ambiente global desafiador, 2025 se consolida como um período de resiliência e reposicionamento estratégico para a suinocultura mundial. Eficiência, inovação e cautela são as palavras de ordem para os próximos ciclos do setor”, finaliza Alexandre.
