Por Nevton Hector Brun, Gerente de Produção da Agroceres PIC
Historicamente, a genética tem se mostrado a ferramenta tecnológica de maior peso sobre os resultados do produtor. Ela representa cerca de 2% dos custos de produção, mas tem influência sobre todos os índices que determinam a produtividade e definem o lucro. Em tempos altamente desafiadores como o que estamos vivendo, marcados por forte pressão sobre os custos de produção, no qual aspectos como conversão alimentar, velocidade de crescimento e kg produzido/fêmea/ano são estratégicos, a atualização genética torna-se ainda mais importante.
O acelerado progresso genético dos animais registrado nos últimos anos, resultado do desenvolvimento de novas tecnologias, tem gerado suínos cada vez mais eficientes e de maior retorno econômico. Saber explorar esse potencial é a chave para elevar a competitividade.
Confira, a seguir, recomendações técnicas para maximizar o desempenho genético dos suínos nas unidades de produção.
1 – Mantenha uma taxa de reposição adequada
O potencial genético médio do plantel aumenta à medida que as fêmeas de menor índice genético são substituídas por leitoas de índice genético mais alto. Por isso é importante manter uma boa estratégia de descarte. A reposição de fêmeas, porém, dever ser feita com planejamento e critério. Altas taxas de reposição e descarte (> 55%) aumentam o número de fêmeas jovens no plantel. Já baixas taxas de descarte (< 45%), reduzem os índices de produtividade por conta da permanência de fêmeas com idade avançada (OP7+).
É recomendável, para granjas comerciais, uma taxa anual de reposição de 50%. A meta, referente ao descarte, deve ser: 20% para falhas reprodutivas, 10% relacionado a problemas de saúde e o restante voluntário.
Dessa forma é possível introduzir na granja um número adequado de fêmeas de alto potencial genético, sem desestabilizar a estrutura etária do plantel, promovendo a melhora consistente nos resultados reprodutivos e econômicos.
2 – Fique atento às inovações e novas tecnologias de produção
O constante surgimento de novas tecnologias e conceitos produtivos vêm possibilitando elevar, continuamente, os resultados zootécnicos e econômicos do plantel e, consequentemente, a competitividade das unidades de produção. Esteja atento e aberto às inovações, muitas delas – como pequenos ajustes nas instalações, a escolha de determinados equipamentos e adoção de novas práticas e manejos – requerem baixo investimento, são fáceis de adotar e podem ajudar a maximizar o desempenho genético dos animais no dia a dia da produção, gerando ganhos de produtividade e de lucratividade.
3 – Monitore os dados de desempenho do plantel
Promover uma boa gestão dos indicadores zootécnicos (diários, semanais, mensais) na unidade de produção é fundamental para aferir e monitorar o potencial genético do plantel. Estabeleça índices produtivos e reprodutivos de referência e registro-os de forma precisa e consistente.
O acompanhamento criterioso desses indicadores fornece informações valiosas sobre o desempenho do plantel e permite promover intervenções e tomar decisões para elevar o potencial genético dos animais, melhorando a eficiência e a produtividade da granja.
4 – Reforce os cuidados com a biossegurança e os procedimentos sanitários
Assegurar uma boa condição sanitária ao plantel é vital para maximizar e extrair todo o seu potencial genético.
Mantenha uma equipe treinada sobre as normas e procedimentos de biossegurança de modo que os mesmos, sejam aplicados na unidade de produção, continuamente. Tenha em mente que uma boa estratégia sanitária sempre tem como base as características da unidade de produção. É necessário também dar atenção especial à saúde geral do plantel, aos protocolos de medicamentos (promovendo o uso racional de antimicrobianos) e ao programa de vacinação. Reforce os cuidados com origem das leitoas de reposição, adquirindo, sempre, animais de Granjas de Reprodutores Certificadas (GRSC) e livres de agentes infeciosos de alto impacto econômico. Para equalizar o estado de saúde dos reprodutores adquiridos ao rebanho residente, realize a aclimatação sanitária dos animais. Se bem-feita, a aclimatação maximiza o desempenho tanto das leitoas quanto dos machos de reposição.
5 – Realize um bom planejamento da produção
Estar atento às tendências e manter um bom planejamento da produção é essencial para elevar a competitividade e a rentabilidade do negócio. Afinal, qualquer decisão tomada hoje terá reflexos em curto, médio e longo prazos, com a chegada dos animais ao mercado. Promover uma programação adequada permite uma melhor organização das atividades e uma utilização mais eficiente de recursos, incluindo o potencial genético dos animais.
Com um planejamento sólido, os produtores podem gerenciar melhor os custos, prever a demanda e ajustar a produção de acordo com as necessidades do mercado.
Conheça as características e demandas do seu mercado-alvo e entregue os produtos em total conformidade com as exigências. Essa conduta é a chave para o sucesso de qualquer negócio e, além de garantir maior eficiência operacional ao sistema produtivo, vai fortalecer sua credibilidade e ajudá-lo a ser mais competitivo.
6 – Tenha atenção com a qualidade e o índice genético dos reprodutores
Os machos reprodutores utilizados nas inseminações representam metade do potencial genético do sistema de produção.
Por isso, é necessário ser criterioso com as doses inseminantes, priorizando questões como qualidade, sanidade e, principalmente, seu índice genético. Afinal, são elas que incorporam à granja o que há de mais avançado em melhoramento de reprodutores, aumentando o valor genético do plantel e, consequentemente, sua performance zootécnica e econômica. Além disso, lembre-se dos cuidados necessários para o recebimento, armazenamento e uso das doses inseminantes.
Tenha atenção a cada um desses protocolos, pois eles têm impacto direto sobre o desempenho reprodutivo do plantel.
7 – Invista na capacitação dos colaboradores
Os colaboradores têm um papel determinante para a expressão de todo o potencial genético dos suínos nas unidades de produção. São eles os responsáveis pelo acompanhamento e observação dos animais, pelos registros dos dados zootécnicos do rebanho, além da inspeção das instalações e do funcionamento dos equipamentos.
Mantenha a equipe sempre atualizada sobre as melhores práticas de produção e comprometida e engajada com o desempenho dos animais. Os colaboradores são responsáveis pela realização dos procedimentos e devem ter entendimento claro sobre cada um deles e estar motivados a executá-los da melhor forma possível.
Valorizar o trabalho da equipe e investir em sua capacitação é uma conduta absolutamente vital para a obtenção de bons resultados.