Por Marco Antonio Zandonai e João Victor Facchini Rodrigues – Serviços Técnicos da Agroceres PIC
A acentuada evolução genética das fêmeas suínas nas últimas décadas redefiniu os padrões reprodutivos na suinocultura. Esse avanço aumentou a importância do manejo desses animais, principalmente das fêmeas primíparas, que enfrentam maiores desafios em comparação as demais categorias na maternidade. Entre as principais falhas reprodutivas registradas em fêmeas OP1, a redução do número de leitões no segundo parto, a chamada Síndrome do Segundo Parto (SSP), é uma das mais frequentes. Conhecer as exigências das primíparas e os fatores associados a esse problema reprodutivo é primordial para prevenir sua ocorrência na granja e maximizar a eficiência do plantel reprodutivo. Confira sete orientações técnicas para evitar a redução de produtividade em fêmeas OP2.
1 – Adote rigor absoluto ao determinar o peso da leitoa à primeira cobertura
O peso à inseminação de uma leitoa e a condição corporal da fêmea são os aspecto mais importantes a serem considerado quanto o assunto é Síndrome do Segundo Parto. Defina como meta alcançar um ganho de peso, do nascimento à primeira cobertura, de 0,600 a 0,770 kg/ dia. O peso mínimo individual à primeira cobertura deve ser de 135 kg e a média do grupo entre 135 kg e 160 kg. O ideal é que 80% das fêmeas cobertas estejam na faixa de peso entre 135 kg e 150 kg e 20% entre 150 kg e 160 kg. Respeitando os critérios de peso mencionados anteriormente, evite inseminar leitoas com > 230 dias.
2 – Assegure uma boa ambiência na sala de maternidade
Garantir um ambiente térmico adequado é fundamental para estimular o consumo de ração e o bom desenvolvimento das fêmeas. Lembre-se que a temperatura desejada ao parto é de 21ºC, e que partir do parto, é necessário reduzi-la gradualmente, chegando a19ºC. Entre o sétimo e o décimo dia de lactação, a curva de temperatura deve estar ajustada e estabilizada para atender essa demanda. Para instalações sem climatização, é necessário redobrar a atenção com o manejo de cortinas.
3 – Fortaleça o manejo de atendimento ao parto
Os cuidados no atendimento ao parto se iniciam no período pré-parto com o ajuste do volume da ração fornecida, do alojamento ao parto, seguindo a quantidade energética da ração lactação. Nesta etapa é importante também assegurar que o jejum das fêmeas não seja superior a 6 horas. Em média, atualmente, o parto de fêmeas suínas tem duração de 4 a 5 horas. Não induza o parto de fêmeas OP1 e oriente a equipe a inspecionar as leitoas a cada 20 minutos. Observe o comportamento individual das fêmeas e intervenha quando necessário, priorizando ações não invasivas como massagem e mudança de decúbito. Tenha muita atenção para o encerramento do parto e a liberação da placenta. O monitoramento da temperatura corporal das fêmeas 3 dias pós-parto é um ótimo recurso para o tratamento precoce de eventuais problemas decorrentes de parto. A atenção ao parto é primordial para garantir uma fêmea saudável ao longo da lactação.
4 – Reforce a atenção com o manejo alimentar e o controle da condição corporal
Após o parto, o arraçoamento deve ser ad libitum. A restrição de ração nesta fase acarreta baixa produção de leite e maior estresse da fêmea e pode contribuir para o esmagamento do leitão e maior mobilização de reservas corporais das leitoas. A ingestão de água é determinante para o consumo de ração, revise diariamente, portanto, a disponibilidade de ambos. Controle o peso das leitoas com rigor no momento da inseminação, pois leitoas inseminadas mais pesadas (>160kg) possuem maior tendência de apresentar peso elevado na entrada da maternidade, o que, consequentemente, reduz o seu consumo de alimento e aumenta as chances de catabolismo durante a fase de lactação.
5 – Redobre os cuidados com o manejo das fêmeas durante o período de lactação
O período mínimo para recuperação uterina das fêmeas é de 18 dias. Por isso, não é recomendado que o desmame aconteça antes desse período (com exceção para situações de doença). Intensifique os cuidados e monitore de perto o desgaste corporal das fêmeas em lactações de 28 dias. Caso seja identificado alto catabolismo é recomendado desmamar as leitoas próximo a 24 dias de lactação.
6 – Observe a curva de arraçoamento pós-cobertura
Fêmeas primíparas tendem a ser a categoria de maior desgaste no grupo de cobertura. Por conta disso, a correta mensuração da condição corporal para posterior ajuste da curva de arraçoamento se torna um ponto importante. Para determinar o volume de arraçoamento, leve em consideração as exigências da fêmea por categoria de escore e consulte o nutricionista. O alojamento dessa categoria em baias com fêmeas sob a mesma condição proporciona melhor recuperação. Procure utilizar a ferramenta Caliper para a mensuração do escore corporal.
7 – Cumpra à risca os protocolos de inseminação
Dedique atenção especial às primíparas durante a inseminação intrauterina. É normal encontrar maior resistência na passagem do cateter em fêmeas em seu primeiro ciclo reprodutivo. Caso isso ocorra, não force a passagem do cateter, pois pode lesionar o trato reprodutivo da fêmea. Após três tentativas, leitoas que apresentam impedimento ou resistência à transposição do cérvix devem ser inseminadas através da técnica de inseminação artificial tradicional, com a presença do macho.