Por Bruna Larissa Portela, Serviços Técnicos da Agroceres PIC
A qualidade da carne suína depende de diferentes fatores e variáveis ao longo do processo produtivo, desde a criação dos suínos na granja até o processamento da carne na planta frigorífica. Sob o ponto de vista da produção, áreas como a genética e a nutrição – aliadas a eventos como o jejum pré-abate, a retirada dos animais da unidade, o transporte propriamente dito e o desembarque no abatedouro – são determinantes para a obtenção de um produto com as características desejadas e ótimo valor de carcaça. Confira a seguir recomendações técnicas para otimizar a qualidade da carne suína.
1- Explore o potencial genético dos suínos
A genética sempre exerceu influência direta e decisiva sobre a qualidade da carne suína. Nos últimos anos, porém, com a intensificação do uso da genômica e o refinamento de tecnologias e ferramentas de melhoramento genético, que permitem a seleção direta para características de qualidade da carne e valor de carcaça, essa importância ficou ainda maior. Aproveitar e mensurar o máximo potencial genético dos animais é determinante não apenas para obter ganhos de eficiência e otimizar a qualidade final da carne suína, mas também para maximizar a rentabilidade do negócio.
2- Priorize o treinamento e a capacitação da equipe
A equipe de produção desempenha um papel absolutamente fundamental para o funcionamento da granja e a expressão do potencial genético dos suínos. São eles os responsáveis pelo acompanhamento dos animais e por manejos que afetam diretamente a qualidade da carne suína, como jejum alimentar, carregamento, embarque para transporte etc. Por isso, mantenha-os atualizados sobre as melhores práticas de produção e capacitados para suas funções diárias. Valorizar o trabalho da equipe e investir no aprimoramento de suas habilidades é uma prática vital para obtenção de bons resultados.
3 – Reforce as práticas de manejo alimentar
Embora a manipulação nutricional possa ser usada para influenciar e alterar a qualidade da carne (nível e tipo de gordura da carcaça, marmoreio e cor da carne), o foco principal deve estar voltado à eficiência alimentar dos animais. Garantir uma boa alimentação aos suínos assegura seu bem-estar e otimiza seu desempenho, com reflexos sobre a qualidade da carne. A relação entre o consumo de água e ração é direta: quanto maior a ingestão de água, maior o consumo de ração. Forneça água limpa, fresca e abundante aos animais. Não se esqueça do ajuste dos equipamentos de alimentação: bebedouros e comedouros. Na fase de terminação, o ajuste do comedouro é fundamental para um ótimo ganho de peso diário e conversão alimentar. Se o ajuste for muito apertado, o crescimento e o GPD ficam comprometidos. Se for muito aberto, há desperdício de ração e a CA é prejudicada.
4 – Dedique atenção máxima ao jejum alimentar
Ainda no quesito nutrição, o jejum pré-abate é a melhor intervenção nutricional para melhorar a qualidade da carne, pois ajuda a esgotar o conteúdo de glicogênio muscular, que resulta em diferentes níveis de pH post mortem sendo, portanto, decisivo para sua qualidade. A restrição alimentar também facilita o deslocamento dos animais das baias até o caminhão – suínos com o estômago cheio tornam-se mais lentos e propensos a escorregões e quedas – e reduz a mortalidade. O tempo total de jejum até o abate deve ser de 12 a 18 horas, de acordo com a legislação brasileira. Durante esse período, é importante garantir acesso irrestrito do suíno à água.
5 – Adote cuidados especiais para a retirada e embarque dos animais
A retirada dos animais é uma operação estressante, que pode gerar alterações metabólicas e/ou lesões físicas nos suínos e comprometer a qualidade final da carne. Trata-se de um dos pontos mais críticos do manejo pré-abate dos suínos. Por isso, é necessário muita calma e paciência para retirar os animais das baias e embarcá-los no caminhão. Conduza-os em pequenos grupos, de cinco a oito suínos, levando-os diretamente ao veículo. Para facilitar o deslocamento use um anteparo (como lona, chocalho, tábua de manejo). Em hipótese alguma bata nos animais, nem use objetos pontiagudos. A inclinação da rampa de embarque deve ser a menor possível (abaixo de 20°) e seu piso antiderrapante.
6 – Intensifique o controle das normas e procedimentos de transporte
Depois que os suínos são embarcados é preciso minimizar o estresse durante o transporte. O primeiro aspecto a ser observado é a densidade de animais no caminhão. A lotação ideal varia de acordo com o peso dos suínos, época do ano, distância até o frigorífico e condições do percurso. É importante usar carrocerias com divisórias e obedecer a densidade adequada para cada compartimento (235 Kg/m²). É necessário ainda fornecer cama adequada aos animais e garantir temperatura e fluxo de ar apropriados na carroceria. O motorista deve ser treinado para fazer o transporte dos animais. A condução deve ser feita com calma, evitando alta velocidade, ultrapassagens desnecessárias, curvas acentuadas e frenagens bruscas.
7 – Redobre o rigor com desembarque dos animais
Outra etapa altamente estressante para os animais e que necessita de atenção especial é a de desembarque. Para isso, é preciso planejar com antecedência a chegada do caminhão à planta frigorífica. Todos os procedimentos adotados no embarque dos animais devem ser repetidos nesse momento. Assim, é preciso evitar rampas ou declives acentuados, e movimentar os animais em pequenos grupos para que saiam com calma e lentamente, bem como utilizar anteparos para conduzi-los com segurança e tranquilidade.
Para informações mais detalhadas sobre as normas, protocolos e recomendações técnicas para o manejo pré-abate e, também, sobre como otimizar o valor da carcaça e a qualidade da carne suína, acesse o guia Valor Máximo de Carcaça Agroceres PIC, que pode ser solicitado junto à equipe da Agroceres PIC.