Por Amanda Pimenta Siqueira, Gerente de Serviços Técnicos da Agroceres PIC
A conversão de leitões é um indicador central para a competitividade na suinocultura. Investir em ações que permitam otimizar o número de leitões desmamados é estratégico, pois possibilita não apenas maximizar a eficiência produtiva e reduzir custos, a partir do aumento da quantidade de quilos produzidos por fêmea ao ano, como incrementar a rentabilidade do produtor. Explorar o potencial genético dos animais, apurar e reforçar manejos, intensificar o acompanhamento do plantel são algumas das medidas que ajudam a desmamar um número maior e mais pesado de leitões. Confira, a seguir, recomendações técnicas para potencializar a conversão de leitões.
1 – Promova uma seleção rigorosa e objetiva
A seleção de fêmeas para reprodução é o primeiro passo para garantir um bom número de leitões desmamados. Promova uma seleção rigorosa e orientada por parâmetros objetivos. Observe os aprumos e a qualidade do aparelho mamário. As leitoas devem ter boa conformação física e, no mínimo, 7 pares de tetas funcionais para que possam atingir a meta de desmamados, tanto no primeiro desmame quanto durante sua vida útil. Lembre-se, a evolução genética registrada pelas fêmeas suínas tem acontecido de forma cada vez mais veloz. É necessário explorar por completo esse potencial genético. Matrizes de genótipo moderno apresentam índices superiores a 15 nascidos vivos e precisam ter estrutura locomotora robusta e aparelho mamário de qualidade para expressar toda sua eficiência.
2 – Redobre os cuidados com o manejo alimentar e a ambiência
O preparo da sala de maternidade é decisivo para o desempenho do plantel reprodutivo e, por extensão, para a quantidade de leitões convertidos. Aloje as fêmeas em instalações apropriadas, com água, ração à vontade e ambiência adequada. Fique atento: a produção de leite está estreitamente relacionada ao consumo de água, à
alimentação e ao conforto térmico dos animais. Assegure que todos os equipamentos de alimentação e bebedouros estejam funcionando corretamente. Avalie, diariamente, a vazão e a temperatura da água nos bebedouros e certifique-se que as fêmeas estejam se alimentando à vontade. Garanta uma boa ambiência aos animais. No período pré-parto, a temperatura deve ser de 19°C e, no momento do parto, de 24°C, com redução de 0,5°C a cada dia após o encerramento dos partos, chegando a 19°C no décimo dia de lactação. Já os leitões devem ser mantidos em um microclima à uma temperatura entre 32°C e 35°C.
3 – Avalie a condição corporal das fêmeas na entrada da maternidade
Gerenciar o escore corporal das fêmeas na entrada da maternidade é outro expediente essencial para potencializar a eficiência reprodutiva do rebanho e obter a máxima conversão de leitões. A meta é que 90% das fêmeas estejam em condições ideais de peso nessa fase. Para isso, monitore o escore corporal do plantel reprodutivo nas etapas de pré-parto e pós-parto e a cada 30 dias na fase de gestação. Fêmeas acima do peso têm maior predisposição reduzir o consumo de ração na fase de lactação, limitando sua produção de leite e, consequentemente, o desenvolvimento dos leitões. Já as fêmeas mais leves são mais propensas ao descarte por falha reprodutiva e/ou baixa produtividade.
4 – Intensifique a supervisão dos partos
Promover uma boa assistência aos animais durante o parto é primordial para garantir a manutenção da saúde reprodutiva da fêmea e a viabilidade dos neonatos nos primeiros dias de vida. Tenha como meta supervisionar as matrizes a cada 20 minutos. Não deixe as salas de parto sem acompanhamento. Observe o comportamento individual das fêmeas e saiba quando intervir. Priorize intervenções não invasivas como massagem e mudança de decúbito. Caso seja necessário intervir com toque, tome todos os cuidados de higiene e com a medicação preventiva. O toque feito no momento correto é a maneira mais efetiva para reduzir os natimortos. Não se esqueça, o monitoramento da temperatura corporal das fêmeas 3 dias após a parição é uma ótima ferramenta no tratamento precoce de eventuais problemas decorrentes de parto.
5 – Reforce o manejo com os neonatos
Assim como na supervisão dos partos, ter um colaborador responsável pelo manejo inicial com os neonatos é fundamental para o desempenho futuro dos leitões. Adote alguns cuidados básicos com os recém-nascidos após o parto. O primeiro é desobstruir as vias aéreas e a cavidade oral dos recém-nascidos. Isso feito, seque-os e certifique-se de colocá-los junto à fêmea para a primeira mamada. O objetivo é ter mais de 95% dos leitões mamando colostro 30 minutos após o nascimento. Verifique a temperatura retal de alguns leitões de baixo peso (<1 kg), entre 1 e 2 horas após nascimento. Temperatura abaixo de 36,5ºC significa problemas de ambiência (fluxo de ar/temperatura, lâmpadas/tapetes com mau funcionamento) ou consumo insuficiente de colostro.
6 – Promova a mamada segregada e realize a uniformização da leitegada
O manejo do colostro é um recurso eficaz para reduzir a mortalidade neonatal, pois eleva a viabilidade dos leitões de baixo peso e potencializa seu desenvolvimento nas fases seguintes. Para leitegadas numerosas, com grande variação de peso entre os leitões, adote a técnica da mamada segregada. Após o parto, divida a leitegada em dois grupos, segundo a ordem de nascimento. Oriente a mamada dos leitões garantindo acesso à fêmea sem competição e a ingestão do colostro, durante 30 minutos. Dedique atenção especial a esse manejo até o 3° dia de vida do leitão, uma vez que 50-60% da mortalidade pré-desmame ocorre nesse período. Outro manejo de alto impacto para aumentar a viabilidade dos leitões mais frágeis é a uniformização da leitegada. A distribuição de leitões com pesos semelhantes entre as fêmeas em lactação facilita o acesso ao aparelho mamário, aumentando a ingestão de colostro e de leite. Utilize fêmeas jovens (OP<4) e com boa estrutura de aparelho mamário para este fim. O número de tetos viáveis deve ser o indicador utilizado para compor a nova leitegada. A uniformização deve ser realizada de 12 e 24 horas após o parto.
7 – Realize a inspeção diária das fêmeas e mantenha um estoque de medicamentos
Faça a inspeção diária das fêmeas na maternidade. Básica, essa atividade permite agir de maneira preventiva, antevendo problemas, evitando complicações e perdas geradas por lesões e/ou enfermidades. Durante a inspeção, avalie a condição física dos animais, se estão se alimentando, se movimentando, machucados ou doentes. Outro ponto a ser observado é a administração de medicamentos aos animais. Mantenha um bom estoque de fármacos e instruções precisas das medicações que devem ser ministradas, com orientações específicas para cada caso, de acordo com as recomendações do médico veterinário da granja. O gerenciamento desse tipo de informação, por meio de um registro de medicamentos e de suas instruções de uso, é fundamental para o correto manejo sanitário na maternidade e para o desempenho do lote.